Morre mais uma

arte_textoMaisuma

Hoje vejo a notícia de que mais uma mulher morreu por conta de procedimentos estéticos por métodos clandestinos.  Diz uma das manchetes: “Uma jovem de 25 anos morreu na noite desta quarta-feira (24) depois de, segundo a família, passar por um procedimento estético ilegal”.

Faz tempo que este tipo de notícia ocupa os meios de comunicação. Então não é falta de informação. Pois sempre que uma mulher morre pelo mesmo motivo, especialistas em beleza, cirurgiões e até delegados alertam para os riscos, inclusive de morte, desse tipo de procedimento.

E de novo me deparo com a notícia! Será que a informação não é levada a sério? Entra por um ouvido e sai pelo outro? Será que há muita mulher com dificuldades de entender os fatos?

Ou a vaidade e a obsessão por um corpo escultural, dentro dos atuais padrões de beleza impostos pelas mídias, são tamanhas que cegam aquelas que buscam esse ideal de beleza?

As respostas podem ser várias. Mas penso que a liberdade de se ter a forma corporal desejada, pode estar levando muita mulher ao equívoco e ao desespero.

Há de convir que uma malhação, uma atividade física para manter a forma e melhorar a qualidade de vida é sempre bem-vinda. Isso para todos os sexos. No entanto, é preciso também cuidar da mente para, primeiramente, aceitar-se e não se tornar refém de padrões que dificilmente conseguirá se encaixar. É preciso se valorizar como mulher, respeitando a diversidade que a genética proporciona.  Não é o fato de ser desprovida de bumbum ou tê-lo avantajado que a faz melhor ou pior entre todas as mulheres. Muito menos são seios fartos ou pequenos que sintetizam a sensualidade de uma mulher.

Cada mulher tem o direito e a liberdade de explorar sua beleza, sua energia e sensualidade em sua essência, naquilo que a natureza lhe dá. Sim, ela pode e tem todo o direito de se beneficiar da medicina e da tecnologia para mudar aquilo que não lhe agrada. Entretanto, o poder e a felicidade de uma mulher não podem e não devem ser atrelados ou limitados a uma estética padronizada.

Há cerca de um século, as mulheres iniciaram uma árdua luta por melhores condições de vida e trabalho, pelo direito de voto, pela liberdade de expressão e, principalmente, por mais respeito. E nas últimas décadas, muita coisa melhorou, não há como negar. Hoje vemos pelo mundo afora mulheres ocupando cargos importantes na política de muitos países.  Sem contar das inúmeras anônimas que também arregaçam as mangas em busca de mais respeito, dignidade e escolaridade.

Diante disto, é triste se deparar com notícias de que ainda existam mulheres presas às exigências de uma sociedade machistas de que toda mulher é apenas fêmea de corpo, mais bunda que corpo, como se não tivessem sentimentos, ideias, opiniões, alma… E no desespero de atender a essas exigências, quantas mulheres acabam colocando em risco sua própria vida, sejam sobrepujadas pelas agulhas de silicone, quando não pela autoestima destruída por não se enquadrar num certo ideal de beleza.

A essas mulheres, fica a solidariedade para que possam descobrir a beleza e o interesse pela vida além dos próprios corpos.

Rosana Antunes

wordpress.com/post/rosanaprosablog.wordpress.com