A realidade custa mais que a banana

Carteira-de-TrabalhoCheguei ao supermercado, exclusivamente, com a intenção de comprar ovos, banana e pães. E só. Como havia saído do trabalho, estava com aquela fominha de final de tarde. Mas lembrei da orientação de especialistas de que é importante você não ir com fome ao supermercado, assim é maior a chance de fazer compras de forma mais racional. E de tanto pensar  no que os ‘especialistas’ orientam, foquei nos ovos, banana e pães. Comprar o necessário e gastar o menos possível.

Terminada a compra sigo para o caixa. E fico com um olho nos produtos e outro na máquina, enquanto a operadora registra os preços. Total: 43 reais. Mais do que esperava.

Ao sair do supermercado, ainda surpresa com o valor total das compras comparado à quantidade de produtos que dividi em duas sacolinhas, embora tudo coubesse em apenas uma, paro e confiro item por item. E o total é isso: 43 reais. Insisto. Mas não tem jeito. Umas bananas, uma dúzia e meia de ovos e alguns pães: 43 reais.

Em conversa com um amigo, ele manifestou o seguinte: “Realmente o alimento está cada vez mais caro. Mas não tem como ficar sem comer… E pensar que tem gente desempregada que não tem dinheiro nem para o feijão”.

Ele tem razão. Primeiro, porque os gastos com alimentação estão cada vez mais elevados. E, também, porque tem muita gente sem condições de comprar o mínimo por não ter sequer salário.

O Brasil tem 13 milhões de desempregados. Fica difícil entender como essas pessoas estão buscando saída para sobreviver.

É triste ver tantos jovens que não contam com o famoso QI (Quem Indica), inclusive recém-saídos de escolas técnicas e faculdades, sem grandes perspectivas de trabalho.

Mas ainda tem outro dado que consegue ser pior que ‘milhões de desempregados’. O Brasil tem mais de 50 milhões de pessoas (dados do IBGE) vivendo abaixo da linha da pobreza! É isso mesmo. Mais de 20% da população não é pobre, é miserável!

Segundo o Banco Mundial, é considerado abaixo da linha da pobreza, ou seja, em condição de miséria, quem tem renda mensal inferior a R$406,00 mensais.

Dramático pensar que uma pessoa consiga sobreviver com R$406,00 por mês, num País onde o valor da cesta básica varia de 500,00 a 380,00, dependendo da região, de acordo com dados do DIESE.  Cesta básica é só uma referência, até porque é um elemento muito vago, já que não se sabe para quantas pessoas é e nem exatamente os itens que a compõem. Mas só pra gente ter uma ideia, vale a comparação.

Agora imagine 50 milhões vivendo com renda inferior a 406,00 no Brasil. Pior que imaginar é saber que isso se trata de pura realidade, num cenário sem horizontes, diante de um Estado sem propostas concretas e cativo de picuinhas e verborreias. E em meio a essa balbúrdia pavorosa, a gente tenta se agarrar a um fio de esperança de que dias melhores virão. Tomara!