Dia desses vi um post numa rede social que me chamou a atenção e me inspirou a escrever este texto.
O humorado post, compartilhado pelo amigo e fotógrafo Anderson Plácido, dizia o seguinte: “Quem fala sozinho é gente doida. Rapaz, eu sou gerente da minha vida, então se eu estiver falando sozinho é porque tô em reunião”.
Além de rir, eu também me identifiquei por demais. E me veio à memória uma conversa dos meus pais sobre mim. Eu, lá com meus sete ou oito anos, estava brincando sozinha no quintal, bem em frente ao portão. E como sempre numa conversa com meus ‘amiguinhos imaginários’. A intimidade era tanta, que a conversa, além de animada, fluía com muita naturalidade.
Mas eis que chega meu pai e se depara com a prosa. Não, não pensem que ele fez questão de entrar na roda de conversa. Pelo contrário, passou direto e foi falar com minha mãe: – Essa menina vive falando sozinha. Isso não presta!
Minha mãe apenas respondeu: – “Bobagem. Deixe a menina.”
Embora estivesse ocupada no meu universo infantil, capitei a preocupação de meu pai. E mais tarde fui perguntar à minha mãe: – “Por que falar sozinho não presta?”. Ela simplesmente respondeu: – “O povo antigo diz que quem fala sozinho conversa com alma penada”.
Aff! Fiquei assustada! Será que estaria eu falando com assombrações? Mas apesar do medo naquele momento, confesso que ainda me pego falando sozinha vez ou outra.
Há quem diga que falar sozinho é hábito de gente que mora só. Pois como não tem com quem conversar em casa, fala sozinho. Mas creio que não seja bem assim. Porque nunca morei sozinha.
Alguns psicólogos defendem que o costume de falar sozinho ajuda na concentração, desde que seja moderado. Por outro lado, há especialistas que discordam. “Se a pessoa está sozinha, em geral, ela não precisa falar, basta pensar”, diz a psicoterapeuta Patrícia Splinder, em entrevista ao Portal Raízes.
Mas o fato é que, de repente, qualquer um pode ser pego falando sozinho. E como diz o post “sou gerente da minha vida”, então não se assuste, é só uma reunião com a gerência.